Numa era em que os media desempenham um papel fundamental no modo como a sociedade constrói as suas conceções e perceciona o mundo, a representação do autismo em séries e filmes torna-se crucial para iluminar as experiências, desafios e triunfos dos indivíduos que se encontram no espetro, oferecendo uma janela para uma comunidade muitas vezes marginalizada e mal compreendida, de modo a promover a sua inclusão.

Representação do Autismo em Séries:

Entre os protagonistas que cativaram o público, encontramos figuras como Sam Gardner da série “Atypical“. O Sam é um adolescente que personifica muitas das características associadas ao autismo: a sua obsessão por pinguins, uma extrema aversão a determinados sons e texturas, bem como uma grande necessidade de ter estrutura e previsibilidade no seu dia a dia e dificuldades em fazer conexões emocionais profundas com os outros.

Da mesma forma, o Dr. Shaun Murphy da série “The Good Doctor”, que retrata um cirurgião no espetro do autismo, apresenta uma rígida adesão a rotinas e protocolos, demonstrando a necessidade de que exista estrutura e previsibilidade na sua vida diária. Embora as suas habilidades excecionais sejam evidentes, é a sua batalha para se conectar emocionalmente com os seus colegas e pacientes que impacta profundamente a sua personagem. Este demonstra dificuldades em entender e interpretar pistas sociais, não gosta que lhe toquem e exibe uma compreensão literal de tudo aquilo que lhe é dito, o que resulta, frequentemente, em interações desajeitadas ou desconfortáveis.

Ponte entre as Personagens e a PEA:

Todas estas personagens exibem muitos traços comumente associados ao autismo. Nomeadamente, a presença de interesses intensos e específicos, que, muitas vezes, são uma fonte de conforto e satisfação para quem se encontra no espetro. Dificuldades na comunicação social e na compreensão de pistas sociais, juntamente com uma sensibilidade sensorial

aumentada, que pode tornar o mundo exterior avassalador e aversivo. E, ainda, a apresentação de rotinas rígidas e uma necessidade de previsibilidade, refletindo a busca por estabilidade e segurança dentro de um mundo que pode parecer caótico e imprevisível para muitos indivíduos no espetro. Estas características, embora variáveis na sua expressão e intensidade, são elementos fundamentais da experiência autista e são essenciais para uma representação sensível e fidedigna.

Importância da Representação do Autismo nos Media:

Ao celebrar representações autênticas e sensíveis da PEA, está a dar-se voz a uma comunidade que é muitas vezes marginalizada e a contribuir-se para desafiar estereótipos que são prejudiciais. Desta forma, destaca-se não só a necessidade de uma maior diversidade e representatividade nos media, mas também a promoção de uma cultura de empatia, aceitação e compreensão. À medida que as histórias destas e de outras personagens representativas da PEA continuam a ser contadas e celebradas, esperamos que o mundo se torne um lugar mais inclusivo e acolhedor para todos os que se encontram no espetro do autismo.